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Redes em Suspensão - Instituto Meyer Filho


O encontro com Paula Schlindwein foi por acaso. Nos encontramos pela primeira vez na terça, não a conhecíamos. Mas eis que ela surge com esse bordado, de cama de gato. E tivemos certeza que tem um tipo de conexão por aí.


Ao propormos uma residência, temos um dispositivo capaz de integrar diferentes linguagens tendo a performance como catalizador do processo criativo e no qual o evento é o momento em que se registra, de maneira inequívoca, que uma transformação dos corpos, das sensibilidades, das palavras e dos desejos ocorreu e a partir deles criarmos possibilidades antes inexistentes. Por outro lado, segundo Bishop: "a instalação difere das mídias tradicionais na medida em que se dirige ao espectador como presença literal no espaço, [...] e pressupõe um espectador corporificado cujos sentidos de toque, olfato e escuta são tão aguçados quanto a visão” (2010:6). Portanto, ao propormos a participação do público não apenas como expectador ou observador, mas como possível componente da cena faz com que a própria instalação redefine-se pela participação do espectador no espaço.


Basicamente, REDES EM SUSPENSÃO é uma iniciativa de intercâmbio artístico, criativo e pedagógico entre artistas de diferentes formações e diferentes regiões do Brasil. Por isso, optamos pela multiplicidade de linguagens, tendo as práticas orientadas pelo corpo. A escolha do Espaço Memorial Meyer Filho na cidade de Florianópolis como ponto de aglutinação dos artistas, isto é, como local da residência promove a exploração de processos de criação, em trânsito como uma forma de produção – na qual conceitos como troca e vida coletiva se tornam fundamentais numa estratégia de atuar –, como mecanismo de colaboração com a cena artística local e, ainda, como meio de dinamização e circulação de informação e de conhecimentos. A residência artística é, nessa perspectiva, um instrumento de transformação ao promover o estabelecimento de relações mais amplas, do que aquelas que se oferecem no eixo São Paulo – Curitiba, que já possuem uma cena mais consolidada na performance.

O projeto REDES EM SUSPENSÃO pretende apontar alguns dos conflitos e contradições da relação entre a arte e seus espaços. Portanto, é a partir da costura de uma rede, que explora: novas poéticas visuais; nós;

deslocamentos geográficos, afetivos e culturais; cruzamento de linguagens; construção de um campo ampliado em suspensão, que pretendemos ampliar a redução da performance ao vídeo, entre outros, para outras formas de registro e exposição.

As escolhas dos artistas partem da necessidade de exploração de novos modos operandi que contribuam para o alargamento da noção de performance nas artes visuais, destacando os procedimentos que requerem, ainda, outra ação para sua realização: o ato do artista como ativador de outros atos (dos participantes), endereçando de imediato a noção de obra como proposição ou como instrução. Por consequência, o projeto REDES EM SUSPENSÃO contribuirá qualitativamente à recepção de diversas linguagens, instigando a reflexão sobre a performance e instalação nas artes visuais, bem como a produção de novas iniciativas, envolvendo profissionais de diferentes localidades do Brasil, fomentando o mercado de trabalho artístico de um modo geral.


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